Palestra
Produção de mudas de cana-de-açúcar e formação de viveiros
Eng Agr. Dr. Alvaro Sanguino ASAS-AlvaroSanguino Assessoria, Planejamento e Consultoria Ltda.
As doenças sistêmicas da cana-de-açúcar são as que provocam maiores prejuízos nos canaviais, principalmente pela falta de sintomas externos, exceto a redução do tamanho das plantas de cana-de-açúcar infectadas e que podem também ser confundidos com distúrbios culturais ou climáticos ou a presença de sintomas internos e externos não específicos, visíveis apenas em algumas variedades, faz com que estas doenças não sejam encaradas com a devida importância. A redução na produtividade provocada por estas doenças está entre 10% e 30%, dependendo da variedade envolvida, do seu grau de infecção e do local de plantio. Os principais meios de propagação destas doenças estão no uso de mudas contaminadas ou no uso de ferramentas e máquinas sem prévia desinfecção. Portanto, a produção de viveiros de mudas livres de doenças parece ser a única maneira viável de se evitar os danos econômicos provocados. A termoterapia de colmos, toletes ou gemas em água quente é a principal metodologia para controlar o “Raquitismo das Soqueiras” e algumas doenças fúngicas (Carvão, Fusarium, Colletotrichum) sistêmicas, que obstruem os vasos do xilema da cana-de-açúcar. Estas doenças dificultam a chegada de água e nutrientes até as folhas onde é realizada a fotossíntese e portanto comprometem a produtividade dos canaviais. Lembrar que a bacteriose da Escaldadura e o vírus do Mosaico da cana não podem ser controlados por este processo. O controle destas doenças pelo uso de variedades resistentes é até o momento inviável, pela dificuldade de avaliação experimental e pelo longo tempo necessário para obter os resultados finais. A prática do “roguing”, adotada com êxito no controle de algumas doenças da cana-de-açúcar, não pode ser utilizada para o Raquitismo das Soqueiras devido à falta de sintomas externos específicos. A termoterapia, ou seja, a inativação dos agentes etiológicos pela ação do calor, parece ser, a única maneira viável de se controlar estas doenças, mesmo assim, sem uma eficiência total de controle, principalmente para a bactéria do Raquitismo das Soqueiras, permitindo sempre que algumas plantas continuem doentes e sirvam de fonte de inóculo para as futuras multiplicações, necessitando de um continuo trabalho de tratamento térmico para livrar uma variedade do patógeno Outra metodologia que pode ser usada é o cultivo de micromeristemas (0,8mm) indexados e produzidos em laboratório por pessoal especializado para a posterior produção das mudas. Esta metodologia permite obter mudas livres de toda e qualquer doença sistêmica, sendo mais onerosa para o produtor. Estas metodologias visam à produção de viveiros de mudas sadias que propiciarão um plantio com “sementes” de qualidade nos canaviais para a produção, o que hoje é negligenciado pela maioria dos produtores. Este trabalho visa fornecer orientações sobre as metodologias descritas acima e de como devem ser conduzidos os viveiros de mudas de cana-de-açúcar para a manutenção da sua sanidade.
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