Palestra
Homeopatia Vegetal
Carlos Moacir Bonato UEM, Maringá
A utilização da homeopatia em animais tem sido desenvolvida mais recentemente com resultados não menos animadores do que aqueles obtidos em humanos. Em vegetais, não há menção de Hahnemann do emprego desta ciência. Entretanto, Hahnemann afirmava em seus relatos que: “se as leis da natureza que proclamo são verdadeiras, então elas podem ser aplicadas a todos os seres vivos”. Está aí o aval dado pelo próprio idealizador da homeopatia para que se possa utilizar a ciência homeopática em qualquer organismo vivo, inclusive em vegetais. Há alguns anos atrás vários pesquisadores no mundo inteiro, principalmente na Europa e Índia e mais recentemente no Brasil iniciaram a pesquisa estudando os efeitos de produtos homeopáticos no crescimento e desenvolvimento vegetal, controle de pragas e doenças, enfim, em todos os segmentos da agricultura. Um dos primeiros trabalhos sobre o uso de substâncias ultradiluídas foi apresentado no G.I.R.I. na Bélgica por Betti e colaboradores (1997 e 2003). Estes estudaram os efeitos biológicos das diluições homeopáticas e propuseram um modelo de estudo em plantas. Entre as pesquisas feitas foram estudados a germinação e o desenvolvimento de cotilédones de sementes de Triticum durum “in vitro”, estudo da geminação de pólen de monocotiledôneas (pastagens) e crescimento do tubo polínico, respostas à hipersensibilidade de discos de folha de tabaco ao vírus do mosaico do fumo (VMP). Dos resultados apresentados, o mais digno de nota foi a modificação na geminação de sementes de trigo (Triticum durum) causadas em várias dinamizações de Arsenicum album (As2O3). As dinamizações 40D, 42D e 45D promoveram incremento na germinação das sementes de trigo, previamente estressadas com As2O3 (fenômeno de Hormese). Já na dinamização 35D, a germinação foi inibida. Outros trabalhos relativos a homeopatia em vegetais, bastante interessantes foram publicados na Índia. Verma et al., (1989) utilizaram Lachesis e Chimaphila (C200), visando o controle do vírus do mosaico do tabaco (VMT), o qual reduz progressivamente a produtividade das plantas infectadas. As soluções homeopáticas aplicadas antes e depois da incubação do vírus reduziram 50% o conteúdo de vírus nos discos de folhas. Khanna e Chandra (1976) também obtiveram resultados surpreendentes no controle da “podridão dos frutos” (Fusarium roseum) em tomate, utilizando-se dos produtos homeopáticos Kali iodatum (iodeto de potássio) na C149 e Thuya occidentalis na C87. A aplicação destes produtos teve ação preventiva e curativa. O controle de microrganismos patogênicos, de produtos armazenados (Aspergillus parasiticus) responsável por várias contaminações em produtos armazenados também já foi o escopo de alguns pesquisadores internacionais. Sinha e Singh (1983) utilizando-se de vários produtos homeopáticos verificaram que dentre os estudados, o Sulphur (C200) inibiu em 100% o crescimento do fungo e a produção da toxina aflatoxina (toxina que causa danos hepáticos em animais e humanos). A Silicea e a Dulcamara também reduziram o crescimento do fungo em 50% e a produção de toxina em mais de 90%. O Phosphorus teve pouco efeito na inibição do crescimento do fungo (menos de 10%), mas surpreendentemente reduziu em quase 30% a produção de aflatoxina (B2). Na França, Nitien (1969) e colaboradores demonstraram a ação de preparados homeopáticos de sulfato de cobre na 15CH (ou seja, diluição na ordem de 1030) sobre a desintoxicação de plantas de ervilha previamente intoxicadas com este sal em doses ponderais. Esta homeopatia foi capaz de desintoxicar as plantas de ervilha com excesso de cobre. No Brasil o uso da homeopatia em vegetais ainda é incipiente, mas está crescendo ano após ano. Em 1993, Brunini e Arenales relataram algumas experiências sobre a utilização de Staphysagria em hortaliças e plantas ornamentais. A aplicação de Staphysagria aumentou a resistência das plantas aos pulgões e melhorou as condições gerais das plantas. No Brasil os primeiros resultados do efeito dos medicamentos homeopáticos foram obtidos em rabanete, beterraba e cenoura (Castro e Casali, 2001). Paralelamente, iniciou-se também a pesquisa em plantas medicinais, sendo o chambá (Justicia pectoralis), a primeira espécie a ter seu metabolismo estudado após a aplicação de preparados homeopáticos. No primeiro experimento citado, a aplicação de Phosphorus em dinamizações centesimais, em plantas de rabanete, contendo ou não fertilizante orgânico, incrementou a massa seca das raízes, proporcionalmente ao aumento nas dinamizações nos dois tratamentos. Nos experimentos com Justicia pectoralis percebeu-se que os produtos homeopáticos alteram o metabolismo primário, secundário e o campo eletromagnético da planta medicinal (Andrade e Casali, 2001). O teor de cumarina aumentou em aproximadamente 77% quando se aplicou, a própria planta, o Phosphorus, a Arnica montana, o Sulphur e o Ácido húmico. Esta alteração foi acompanhada pela modificação no padrão eletromagnético da planta medicinal. A aplicação das soluções homeopáticas (Planta-matriz, Ácido húmico e Sulphur) nas dinamizações C3, C12, C30, C200 e C1000, afetaram a produção de óleo essencial da parte aérea de plantas de capim-limão. A utilização da planta matriz, na dinamização C12 incrementou a produção de óleo essencial em 25 % quando comparado ao controle. Paralelamente aos trabalhos acima citados, foram feitos vários outros na Universidade Estadual de Maringá, com resultados animadores. Entre os trabalhos desenvolvidos estão; o efeito de preparados homeopáticos (Sulphur, Phosphorus, Mercurius solubilis, Natrum muriaticum, Argentum nitricum e Auxina) no crescimento inicial de plântulas de rabanete e milho; o efeito do medicamento Sulphur na respiração em ápices radiculares de milho e outros (Moretti et al., 2002; Rocha et al., 2003 e Bonato, 2004; Bonato e Silva, 2004). Mais recentemente outros trabalhos foram publicados no controle de doenças (Bonato et al. 2006a, 2006b), no metabolismo das plantas (Silva et al., 2006a, 2006b, Rigon, 2007) e também no controle do mosquito transmissor da Dengue (Aedes aegypti) (Cavalca, 2007). No Brasil, nos últimos anos está crescendo muito o uso de preparados homeopáticos no controle de doenças. Rolim et al. (2001a), em ensaio realizado em casa-de-vegetação, para controle de oídio do tomateiro, revelou aumento significativo no número de folíolos, promovido pelo bioterápico do patógeno Oidium lycopersici e redução da incidência da doença por Kali iodatum 100CH. Em mudas de macieira, duas pulverizações de Staphysagria 100CH em intervalos de 12 dias reduziram a incidência de oídio, causado por Podosphaera leucotricha (Rolim et al.,2001b). Em ensaio realizado em tomateiro, os bioterápicos de Xanthomonas campestris foram eficientes em reduzir a severidade da doença quando aplicados via irrigação nas dinamizações 24CH e 6CH (Rossi, et al.,2004).
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